segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Carta ao presidente dos Estados Unidos, pelo Cacique Seatle!!!
Miquito Mendes. disse...
“ CACIQUE SEATLE ( - 1865)”
Em 1854, o governo dos estados Unidos quis comprar as terras do chefe indígena Seatle.
Sua resposta, transmitida por carta, é a
fala de um mundo ancestral e anímico.
Sua importância cresceu com o tempo, a
partir da ampliação da consciência
ecológica. É hoje uma peça famosíssima,
distribuída pelo programa de meio Ambiente da ONU.
O Presidente declarou em Washington que deseja comprar a nossa terra. Mas como se há de comprar ou vender o céu, a terra? Tal idéia é estranha para nós. Se não possuímos a presença do ar, e o brilho da água, como há de se comprá-los? Cada pedaço desta terra é sagrado para o meu povo. Cada agulha reluzente de pinheiro. Cada praia arenosa. Cada campina. Cada inseto que zumbe. Tudo isso é sagrado na memória e na experiência do meu povo. Conhecemos a seiva que corre pelas nossas veias. Somos partes da terra, e ela é parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs. O urso, o gamo, a grande águia, são nossos irmãos. Os picos rochosos, as essências do prado, o calor do corpo do pônei e o homem, todos pertencem à mesma família. A água brilhante que se escoa nos ribeiros e nos rios não é somente água, mas o sangue dos nossos ancestrais. Se lhe vendermos a nossa terra, você terá de lembrar-se de que ela é sagrada. Cada reflexo que, como um fantasma, aparece na límpida água dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da vida do meu povo. O murmúrio das a´guas é a voz do pai do meu pai. Os rios são nossos irmãos. Eles aplacam nossa sede, transportam nossas canoas e alimentam nossos filhos. Por isso você deve ter para com os rios a benevolência que teria com qualquer irmão. Se lhe vendermos a nossa terra,, lembre-se de que o ar é precioso. Lembre-se de que o ar compartilha seu espírito com toda a vida que ele sustenta. O vento que deu ao nosso avô seu primeiro alento recebe também seu último suspiro. O vento dá aos nossos filhos o espírito da vida. Por isso, se lhe vendermos a nossa terra, você precisa mantê-la à parte , como algo sagrado, como um lugar aonde um homem pode ir expor-se ao vento que é perfumado pelas flores do prado. Ensinará você aos seus filhos o que nós ensinamos aos nossos filhos, que a terra é nossa mãe? O que acontece à terra acontece aos filhos da terra. Isso nós sabemos. A terra não pertence ao homem. O homem pertence à terra. Todas as coisas estão ligadas, como o sangue, que nos une a todos. O homem não tece a teia da vida, nela, ele é apenas um fio. O que ele faz para a teia, fá-lo para si mesmo. Uma coisa nós sabemos: nosso deus é também o seu deus. A terra lhe é preciosa. E danificar a terra é desprezar o seu criador. O destino de vocês é um mistério para nós. Que acontecerá quando os búfalos tiverem sido mortos? Os cavalos selvagens domados? Que acontecerá quando todos os cantos secretos da floresta estiverem impregnados do cheiro de muitos homens, e a vista das sazonadas colinas estiver escondida pelos fios que falam? Onde estará a brenha? Desapareceu. Onde estará a águia? Desapareceu. E o que é dizer adeus ao pônei veloz e à caça, o fim do viver e o começo do sobreviver? Quando o último pele-vermelha tiver desaparecido com sua selva, e sua lembrança for apenas sombra de uma nuvem movendo-se por sobre a pradaria, ainda estarão aqui estas praias e estas florestas? Restará ainda algo do espírito do meu povo? Nós amamos esta terra tal como o recém-nascido ama as batidas do coração de sua mãe. Por isso, se lhe vendermos a nossa terra, ame-a como nós a temos amado. Preocupe-se com ela como nós nos temos preocupado. Tenha em mente a lembrança da terra tal como ela for quando você a receber. Preserve a terra para todas as crianças e ame-a como deus ama a todos nós. Assim como nós somos parte da terra, também você é parte da terra. Esta terra é preciosa para nós e também para você. Uma coisa nós sabemos: só há um deus. Nenhum homem, seja ele pele-vermelha ou branco, pode viver isolado. Afinal, somos todos irmãos.
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