quarta-feira, 27 de abril de 2011

E, pela 2ª vez, uma Cigana leu a minha mão!


















Foi rápido, nem deu tempo. Havia apenas ligado o carro pra sair, quando ela debruçou na porta. Foi logo pedindo minha mão, dei a esquerda, tão rápida como havia chegado, pegou sem eu esperar a direita, disse que a mão esquerda não podia.
Obs: Um breve relato da minha ligação com os Ciganos. Sempre fui uma pessoa intrigada com este povo. Tempos atrás, acompanhei um acampamento de Ciganos por várias semanas. Minha intenção, além de conhecer seu dia-a-dia, era desenvolver um projeto com depoimentos, filmagens, fotografias e etc. Presenciei uma lenda que se fez em torno deles, 2º ela, eles eram negociadores de 1ª qualidade - em parte- vendiam gato por lebre e assim por diante. As mulheres, logo de manhã, iam à caça dos clientes para terem suas sortes reveladas, os maridos normalmente ficavam no acampamento à espera de algum negócio.
Outro fato que me deixa fascinado são as roupas coloridas. Sinceramente, se fosse possível , minha vestimenta seria com mil e uma cores. Há quem diga, alguns amigos pessoais que são viciados em jogo de bicho, se alguém sonhar comigo é na certa, joga na Borboleta que ganha por causa das minhas camisas coloridas, ou no Pavão devido ao topete do meu cabelo. Outro fato curioso e lamentável: Uma pesquisa realizada no Brasil, há quase 4 anos, diz o seguinte: 46% dos brasileiros não querem como vizinhos Judeus, e 48% não admitem sob hipótese nenhuma os Ciganos. Que baita discriminação.
Bem, retornemos à Cigana.
Disse ela:
- Você é um homem sofrido, vou ler sua sorte.
- Quanto custa ler à minha mão?
- Dois contos!
- Fechado!
Como todos sabem ( minha mente é completa e estupidamente poluída) dei uma mirada nela como me foi possível daquela posição sentado no carro, foi apenas um instinto, logo esfriei. Não sei bem o porquê, mas desconfio que foi a cascatagem dela dizer que tem um punhado de netos. Prosseguiu ela com os dedos na palma da minha mão:
- Dinheiro vai, dinheiro vem. Gastaram 300 contos pra te amarrarem num feitiço.
- 300 contos?
- 300 contos, moço. Por 20 contos eu desamarro este nó.
- E se eu quiser ficar com este nó?
A Cigana não se deu por vencida, raciocinou rápido e argumentou:
- Faço uma oração que nunca mais você vai ficar impotente!
- Mas quem te disse que sou impotente?
- Na sua vida nunca deu uma falhada...nem de vez em quando?
Pensei cá comigo, nisso ela estava certa, quem nunca deu uma falhada?
- Claro que já falhei, agora vai me dizer que a Sra. também nunca deu uma amarelada?
- O quê, moço?
- Uma amarelada...- ela não entendeu, refiz a pergunta-
- A Sra. nunca ficou, pelo menos uma vez na vida mais fria que a morte ao lado do seu companheiro?
- Isso acontece com todo mundo, moço!
- Então me faça o favor e mude esta oração sua!
- Me dá 20 contos pra eu desamarrar este nó em sua vida!
Mas que Cigana insistente, meu Deus! Ela falava sem parar, os dentes de ouro reluziam pelo reflexo do sol no vidro do carro. Foi juntando gente perto de nós, ora olhavam pra mim, ora pra Cigana.
Estava com pressa, liguei o carro, por incrível que pareça, ela tocou no assunto ,novamente, dos 20 contos. Fui pagar, não tinha uma nota de 2 reais conforme o combinado, morri em 5 pratas.
Fui embora. Ficou o dito pelo não dito. Esta Cigana não convenceu.

Miquito Mendes!

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