quarta-feira, 2 de novembro de 2011
Marcos Coimbra !
A Doença de Lula - #ForçaLula
Existem dois cenários a considerar na discussão sobre as consequências políticas da doença de Lula.
O primeiro decorre do que dizem seus médicos, que é um tumor de gravidade média, diagnosticado precocemente e com perspectiva elevada de cura. Segundo eles - os únicos que conhecem o caso em primeira mão -, o ex-presidente deve concluir o tratamento até março, sem sequelas significativas.Se isso se confirmar, a doença não terá qualquer consequência.
Em pouco tempo, ninguém vai nem se lembrar dela. O segundo cenário poderia ocorrer se o diagnóstico inicial tiver sido otimista ou se não for verdadeiro. A equipe médica pode descobrir que a doença é mais grave ou que o organismo de Lula não reage como esperado, o que a levaria a modificar o prognóstico favorável. Ou pode estar ocultando avaliação pessimista, por algum motivo.Não há razão para supor que esteja em curso uma “conspiração” para escondê-la, embora existam casos, no Brasil e no resto do mundo, de políticos que silenciam a respeito de seus problemas de saúde e os apresentam de maneira falsamente tranquilizadora. E que encontram juntas médicas dispostas a participar da encenação.Como a medicina não é uma ciência exata, ela não fornece a certeza de cura. Bons médicos fazem, no máximo, bons cálculos das chances de recuperação.Pelo que dizem os do ex-presidente, as suas seriam de algo entre 80 e 90%. Quem conhece estatística, sabe que essa é uma margem de segurança muito confortável. Se estivéssemos lidando com eleições, por exemplo, dizer que uma pessoa tem 80% de possibilidade de vencer equivale a considerá-la eleita. Admitamos, no entanto, que Lula se aposentasse. O que aconteceria? A administração federal continuaria a ser o que é, com os alcances e problemas conhecidos. O governo não pioraria ou melhoraria. O desempenho objetivo de suas principais políticas não seria afetado, para o bem ou para o mal.A vasta maioria que aprova o que Dilma e seu governo fazem não aumentaria, mas não diminuiria. A parcela que desgosta tampouco seria modificada. Ou alguém acha que o Bolsa Família, por exemplo, passaria a ser rejeitado por quem o aplaude ou a ser aceito por quem o repele? Na política, temos dois grandes eventos no calendário, as eleições municipais de 2012 e a sucessão presidencial, em 2014. Há quem ache que, se Lula se aposentasse, o PT enfrentaria grandes dificuldades ano que vem.Sua atuação como cabo eleitoral é, certamente, bem-vinda por qualquer candidato. Tê-lo no palanque é sempre bom (tanto que, na última, até os oposicionistas queriam mostrar-se próximos). Daí, no entanto, a imaginar que seja decisivo, há uma distância.Em 2008, com ele na Presidência, o PT ganhou em muitas cidades (559, cerca de 10% do total) e perdeu em diversas outras (incluindo capitais importantes, como São Paulo). Lula pediu votos para candidatos que venceram e para outros que foram derrotados. Talvez tenham existido, mas não foram muitas, as cidades onde a vitória de um correligionário (ou aliado) pode ser-lhe atribuída.
E a eleição presidencial?
Hoje, o PT tem dois nomes. Lula, não se precisa demonstrar, seria dificílimo de bater. Dilma, mantida a avaliação atual, uma candidata muito forte (especialmente se lembrarmos que sua principal limitação em 2010, o desconhecimento, não será problema em 2014).
O PT teria, portanto, duas opções de candidatura, eleitoralmente equivalentes: ambas com alta probabilidade de vencer. Ainda mais pelo desgaste dos nomes nacionais da oposição (FHC e Serra) e o baixo conhecimento popular de suas novas lideranças (Aécio).
Se Lula se aposentasse, o PT ficaria com Dilma. O que só seria um problema se o governo estivesse muito mal (muito mal, mesmo!). Nada indica que esse seja o quadro mais provável.Para o PT, é evidentemente melhor que Lula não se aposente. E o Brasil não ganharia nada se ele deixasse a política. Ao contrário, perderia muito.
Ainda bem que, pelo que sabemos, isso não vai ocorrer tão cedo.
Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi
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Editado(a) por Jussara Seixas
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