sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Elizeth Cardoso, Zimbo Trio e Jacob do Bandolim num recital no Teatro João Caetano!


Um comentário:

  1. Transcrevo aqui, as palavras de:Ricardo Cravo Albin, sobre como foi a preparação deste recital:

    "Elizeth Cardoso é a mais completa cantora de música popular brasileira. Uma criatura humana extraordinária, uma prova desta afirmação foi o recital que apresentou no teatro João Caetano para o Museu da Imagem e do Som. E Elizeth, mais o Zimbo Trio e mais Jacob do Bandolim e seu conjunto Época de Ouro, foram os grandes astros de uma noite gloriosa e inesquecível, cuja renda reverteu em favor do Museu da Imagem e do Som. Acorreram todos eles, com a grande “ dama” a frente, com o mais comovedor dos entusiasmos, a um chamamento do Museu, e deram à música popular brasileira, naquela noite, um de seus momentos mais altos e legítimos. Tudo no espetáculo esteve impregnado de puro amor. Lembro-me da noite chuvosa e fria em que Hermínio e eu nos metemos com raro entusiasmo para implorar aos donos dos bares e restaurantes da Zona Sul, que nos deixassem pregar os “affiches” do espetáculo, varamos madrugada a dentro trombeteando pelas paredes o recital, através dos lindos cartazes que Fernando Ferreira e sua SAG confeccionaram. Lembro-me do entusiasmo do ensaio no domingo a tarde, depois a feijoada generosa na casa de Elizeth, neste ensaio me lembro ainda das broncas do meu querido Jacob—broncas tão amadas e quase sempre justas, lembro-me do cuidado , da perfeição e da ternura com que esse maravilhoso Hermínio Bello de Carvalho armou todo o recital-ele que foi o grande artesão do espetáculo, desde o comecinho. Lembro-me da noite do espetáculo: chovia canivetes, mas o público chegou maciçamente e superlotou os 1.500 lugares do João Caetano. As luzes então se apagaram e entraram inicialmente Hamilton Godói, Luiz Chaves e Rubinho, a partir desse momento , até o final, aquelas mil e quinhentas pessoas ficaram com um mesmo coração e se igualaram em espírito e alma. Nunca soube de outro público tão perfeito e tão emocionado como o daquela noite, ao ponto de se transformar em participante indissolúvel a beleza intrínseca do espetáculo, quando canta lindamente o Barracão e o Está Chegando a Hora. Como que um anjo buñuelino tivesse pousado no Teatro e envolvido público e artistas. O Zimbo deu o máximo e mostrou que soberbamente que é o melhor trio instrumental do país, o grande Jacob do bandolim e seu conjunto Época de Ouro(Dino, Cesar, Carlinhos, Jonas e Gilberto), enfeitiçaram escandalosamente a platéia com o sortilégio de sua música brasileira. Ah! Jacob, esse velho feiticeiro, que, para vingar-se de seu enfarte faz de seu bandolim um instrumento causador de muitos outros, é quase impossível ouvi-lo sem que uma violenta carga de emoção estrupe os corações desprevenidos. De Elizeth, então nem se fala: iluminou-se como nunca e incendiou o espetáculo com sua voz, sua arte e sua dignidade. Não sei se terá sido seu primeiro recital, mas que foi e continuará a ser o mais lindo."

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