domingo, 17 de julho de 2011

Cinema: Èmile Zolá ! ( Foi traduzido erradamente , na realidade chama-se Eu Acuso !




Abaixo o famoso manuscrito " Eu Acuso" escrito por Èlime Zolá em favor do Capitão Dreyfus,Judeu, acusado injustamente de ser traidor. Nesta época existia no exército Francês um grande anti-semitismo.













Eu Acuso


“ Sr. Presidente da República permita-me lhe dizer que sua reputação até agora imaculada, está ameaçada por uma trama vergonhosa: O abominável caso Dreyfus. Uma corte marcial recentemente, sob ordens ousou absolver Esterhazy. Uma bofetada na verdade, na justiça. Mas como eles ousaram, também devo ousar. Devo dizer a verdade. Porque se eu não disser, minhas noites serão assombradas pelo espectro de um ser inocente expiando, em pavorosa tortura, por um crime que nunca cometeu. É impossível a pessoas honestas lerem a acusação contra Dreyfus sem serem tomadas por indignação e reagirem. Dreyfus sabe várias línguas. Crime. Ele trabalha duro. Crime. Nenhum documento comprometedor foi encontrado em sua casa. Crime. Ocasionalmente, ele vai a seu local de origem. Crime. Ele se esforça para aprender tudo. Crime. Ele não se pertuba fácil. Crime. Pertuba-se fácil. Crime também. O ministro da guerra , o chefe do estado-maior e o assistente-chefe nunca tiveram dúvidas de que o famoso borderô de Esterhazy envolveria a revisão da sentença de Dreyfus e isso o estado-maior queria evitar a todo custo. Há mais de um ano, o ministro da guerra e o estado- maior sabem que Dreyfus é inocente mas eles ocultaram essa informação. Esses homens dormem e têm esposas e filhos que amam. Fala-se de honra do exército. O exército é o próprio povo da França e o caso Dreyfus é questão pertinente a esse exército. Dreyfus não pode ser inocentado sem condenar todo o estado-maior. Por isso, o estado-maior encobriu Esterhazy: Para arrasar Dreyfus mais uma vez. Tal, Sr. Presidente, é a simples verdade. É uma terrível verdade. Mas eu afirmo, com extrema convicção que a verdade está a caminho, e nada vai detê-la. Sr. Presidente, acuso o Cel. Dort de ter sido o agente diabólico do caso e de seguir defendendo seu trabalho mortal durante três anos de maquinação revoltante. Acuso o ministro da guerra de ter ocultado provas decisivas sobre a inocência de Dreyfus! Acuso o chefe do estado-maior e seu assistente de serem cúmplices no crime. Acuso o comando da guarnição de Paris de parcialidade monstruosa. Acuso o oficial de guerra de ter liderado uma campanha para manipular a opinião pública e encobrir seus erros. Acuso a primeira corte marcial de violar todos os direitos humanos ao condenar um prisioneiro a partir de provas que ele desconhecia. E finalmente acuso a corte marcial de Esterhazy de encobrir esta ilegalidade, sob ordens, desta vez cometendo o crime judicial de absolver um homem culpado. Ao fazer tais acusações, estou ciente de que posso sofrer perseguição por calúnia, mas não importa. A ação que tomo visa apenas incitar a explosão da verdade e da justiça. Que haja um julgamento em plena luz do dia. Estou aguardando”.

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